Comentário Sobre Filme

Filme “Obrigado por Fumar”, indicado pelo Prof. Bruno Cesar dos Santos na palestra Novo Acordo Ortográfico.

Escrito por Marcia Maria Aires Nunes
Qua, 07 de setembro de 2011.

Somente é possível defender o indefensável quando se é talentoso e criativo como Nick Naylor, o profissional certo na empresa errada se considerarmos o tabaco como um dos grandes inimigos da saúde pública. Absolutamente seguro e autoconfiante no desempenho de sua profissão, ele prossegue sem pestanejar rumo ao Senado americano, quando aparentemente perde a causa proposta pelo senador Ortolan Fininstirre para imprimir a imagem de uma caveira (VENENO ou PERIGO) nos maços de cigarro.

Era vice-presidente da Academia de Estudos sobre o Tabaco, sendo de longe seu melhor lobista, onde atuava manipulando informações e as repassando distorcidamente em todos os meios disponíveis de publicidade. Nada o intimidava, nem mesmo a presença do filho Joey, seu melhor aprendiz e maior admirador, a quem soube conduzir com lucidez ensinando-lhe desde cedo a sutil diferença entre negociar e argumentar. “Tudo está certo quando o argumento está certo. Por isso nunca erro. Argumente corretamente e nunca estará errado”, fez Joey chamá-lo de “mestre da manipulação”.

A facilidade de atuar como lobista foi incentivado desde a infância pelo próprio pai, um dos primeiros fabricantes de tabaco nos EUA. Nada mais natural que Nick não questionasse ao defender seu uso. Dizia que são os pais e educadores os verdadeiros responsáveis por orientar seus filhos e alunos sobre TODOS os perigos que a vida oferece. Somente após a maioridade (18 anos) os jovens estarão preparados para decidir pelo uso ou não de coisas boas ou más para si mesmos. Parece coerente...

O enredo nos conduz ao histórico Homem do Malboro, hoje, envolvido com uma doença (câncer) provocada pelo uso do cigarro, o mesmo que vendeu sua imagem pelo mundo na forma de publicidade da marca. Os mais antigos devem se lembrar da imagem de homem bem-sucedido e autoconfiante somente por exibir um cigarro entre os dedos. Ganhou na negociação pela troca do silêncio deste homem doente diante da cobrança de indenização frente à Academia de Estudos. Perdeu para uma jornalista tão apaixonada pela profissão quanto ele, ao publicar informações confidenciais ditas em momentos de intimidade. Mesmo assim Naylor continuou no ramo. Logo em seguida Joey ganhou um prêmio como campeão na Sociedade de Debates. Nada mal para um pequeno aprendiz. Afinal os argumentos servem para pagar as contas, e todo mundo faz isso o tempo todo. Faz muito sentido...

Enfim, fabricantes vem e vão, consumidores, idem. Mas alguém precisa continuar argumentando e convencendo. Mesmo que seja para alterar a grafia de um idioma. Será que foi este o motivo que levou o prof. Bruno a indicar este filme? Qualquer que seja seu motivo, valeu mesmo, professor!