Filme “SICHO – SOS Saúde”, indicado na palestra Globalização, Cultura e Sociodiversidade, do Prof. Claudio de Sá.
Escrito por Marcia Maria Aires Nunes
Qua, 07 de setembro de 2011.
Saúde é um dos pilares presentes nas plataformas políticas em qualquer democracia do mundo, e foi a garantia de um bom atendimento em saúde que alavancou a chegada de Barak Obama à Casa Branca. Lá o atendimento em saúde, seja público ou privado, é tão gritante que uniu o trágico e o cômico como tema central em mais uma séria comédia de Michael Moore.
Para confrontar as políticas públicas relacionadas à saúde nos EUA, Moore faz o inusitado. Visita Canadá, França Inglaterra e a Cuba de Fidel, incentivando as pessoas a contarem como funciona o atendimento na rede pública. As pessoas parecem muito francas ao dizerem que tudo é gratuito para todos e de excelente qualidade, e se espantam quando sabem que não é assim nas terras do tio Sam. Primeiro choque.
Mais irônico é que Moore seleciona alguns voluntários heróicos do 11 de setembro que ficaram doentes devido ao serviço, e que não foram atendidos por não terem cobertura em seus planos de saúde. Seleção feita, todos se dirigem à ilha de Guantánamo, lá onde supostamente os piores terroristas do mundo e os criminosos incorrigíveis recebem melhor atendimento médico do que o cidadão americano comum. Por motivos óbvios, a tripulação do barco de Moore não é atendida e eles rumam para a ilha de Cuba. Lá são muito bem atendidos e todos retornam felizes e saudáveis, como se nunca tivessem estado doentes, depois de serem recebidos e homenageados como heróis. Outro choque.
Pior foi a entrevista feita com Aleida Guevara, filha do Che, médica de bem com a saúde pública e o regime do seu país. Moore deixou que ela falasse, sem corte, sobre alguns pontos básicos: 1- Em seu país todos sem exceção recebem atendimento gratuito com qualidade, em qualquer lugar da ilha; 2- O povo americano é o mais desinformado do mundo, inclusive com relação ao regime comunista de Fidel; 3- Cita Jose Marti: “Um povo só pode ser livre se for culto”; 4- E mais: “Medicina não pode ser um negócio. Prevenir é sempre melhor”.
Foi demais! Soco com luva de boxer bem na boca do estômago das autoridades e do cidadão comum de qualquer país do mundo. E Moore, no entanto, parece tranquilo, levando sua cara de bobão pra lá e prá cá sem se incomodar com o que dizem e o que pensam sobre ele. Isso, sim, é democracia, onde cada um diz o que pensa e faz o que quer.
E para fechar com chave de ouro, cita o intelectual francês Alex de Tocqueville: “A grandeza dos EUA não consiste em ela ser mais iluminada do que outras nações, mas em sua capacidade de reparar seus erros”.
Bravo, Moore! Arranca a casca da ferida e depois assopra. Bem que você avisou que ia doer um pouquinho... (publicidade do filme na pré-estréia, no tapete vermelho das celebridades).
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