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7 de setembro de 2011

Comentário Sobre Filme

Filme “Ultima Parada 174” – Indicado pela profª. Maria Ephigênia Nogueira durante a aula de Estrutura e Organização do Sistema Educacional – 13/05/2010.

Escrito por Marcia Maria Aires Nunes
Qua, 07 de setembro de 2011.


O ocorrido que marcou a tragédia na chacina da Candelária e o sequestro do ônibus 174-Humaitá, nas ruas de São Gonçalo – RJ, entre 1983 e 1993, dispensa qualquer comentário adocicado. Produção, elenco e parceiros (Brasil-França) documentaram com perfeição tudo o que envolveu a história daqueles meninos, forçando uma reflexão sobre o papel da educação formal e informal na condução da educação de crianças e jovens em qualquer lugar do mundo.

Dois meninos mal-nascidos sob circunstancias semelhantes se cruzam lá pelos dez anos de idade, sabendo eles apenas que um se chamam Alessandro (um Alex e outro Sandro; ironicamente ambos esqueceram parte do nome completo, para esquecer parte da vida). Um entre vários momentos dramáticos nessa história é quando Sandro (ou Alex) tem a oportunidade de conviver com uma família (suposta mãe e padrasto) e rudemente tenta se encaixar no contexto. Não consegue, porque não era isso o que estava procurando. A vida nas ruas já havia se tornado mais atraente; aquele mundo era seu lar, de fato e de direito. Nem mesmo a equipe de prestimosa ONG que atuava naqueles pontos consegue causar algum impacto positivo. No mundo de Alex ou Sandro coisas como disciplina e limite não faziam nenhum sentido.

O clímax na vida desse menino ocorre no ritual de iniciação que marcaria sua passagem da fase de criança para adulto. Esse ritual teve como cenário o interior do ônibus 174 e foi marcado por um sequestro. Ele queria ser adulto e decidir como tal. Bem que uma passageira quis ajudá-lo conversando e oferecendo alternativas (“Peça mais dinheiro, essa quantia é pouca...”), mas a insegurança de outras passageiras pôs tudo a perder quando simularam ser mãe e filha. Parece ter sido o ponto nevrálgico nessa negociação interna, modelada por figuras arquetípicas de mãe e filho. Em quem confiar? A insegurança acentuou-se quando ele tentou “ler” a mensagem escrita com batom no pára-brisas do ônibus, que ele mesmo havia ditado: ELE VAI MATAR GERAL AS 19H. O que estaria escrito ali? A redatora poderia supor que o dono do texto não sabia decodificá-lo? Daí em diante matar ou morrer não faria nenhuma diferença.

Resultado: uma refém morta a tiros pelo próprio Alex-Sandro (a imprensa da época notificou Sandro), e ele mesmo ‘apagado’ por um policial que acabou fazendo um bem social, porque aquele jovem de fato havia chegado ao fim de sua linha pessoal, de sua história de vida tão cheia de aventuras e descaminhos.

Se quem morreu foi Alex ou Sandro, isso agora não vai fazer nenhuma diferença. São tantos que matam e morrem que um a mais e um a menos não quer dizer muita coisa...


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